“MMA é minha vida”

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“MMA é minha vida”

Verdadeira febre entre os brasileiros, as lutas de MMA (Mixed Martial Arts, ou Artes Marciais Mistas, em tradução livre) têm atraído a atenção de mais gente a cada evento de UFC (Ultimate Fighting Championship) aqui no Brasil e no exterior. 

As academias têm um número cada vez maior de alunos que querem aprender muay thay (de origem tailandesa) e jiu-jítsu (de origem japonesa, mas que se desenvolveu no Brasil a partir da família Gracie) e outros estilos de luta. Dos poucos que se tornam profissionais, Lucas ‘Mineiro’ Martins está se preparando para fazer sua estreia internacional, em Las Vegas, no UFC 170. Aqui, ele fala de como conheceu o esporte, a dura rotina de treinos de um lutador profissional. 

Qual é sua categoria e como começou no esporte?
Minha categoria é peso-galo (até 61 kg). Comecei em 2010, quando vim passar o Natal em São Paulo e acompanhei minha irmã até a academia onde ela treinava muay thai. Fiz um treino e gostei. Voltei para Montes Claros (MG) mas assim que pude, decidi que queria treinar muay thai e vim pra São Paulo de vez. A partir daí, nunca mais parei e acabei me profissionalizando como lutador. 

Quantas lutas profissionais você já fez?
Tenho 15 lutas como profissional, 14 vitórias e uma derrota. 

Em que você trabalhava antes?
Em Montes Claros fiz um monte de coisas. Fui garçom, pedreiro, cortei cana–de-açúcar, mas lutar, para mim, é a melhor coisa que existe. E é por isso que treino com prazer e não vejo a hora de subir no octógono para lutar de novo. 

Não é um esporte violento?
Considero um esporte agressivo, mas não violento. Quem está no octógono, está preparado e treinado para lutar. Somos profissionais e pagos para isso. Acho que atualmente a violência está mais presente em jogos de futebol, com as brigas de torcidas que temos visto. 

Como você encara seus adversários?
Meu adversário é o cara que quer tirar o meu dinheiro. E eu preciso estar preparado para atacar e me defender. Somos profissionais e quero a vitória e sempre vou fazer o máximo para vencer 

O que é preciso para ser um lutador vencedor?
‘Sangue nos olhos’, foco e vontade de vencer. 

Você tem outra ocupação?
Felizmente, hoje eu vivo exclusivamente para o MMA, graças a Deus. Treino regularmente quando tenho luta agendada ou não. 

Com uma luta próxima, como é a rotina de seu treinamento?
É bem puxado. Treino de três a quatro vezes por dia aqui na Guigo. Pela manhã, treino jiu-jítsu com o meu técnico, Teo Bittar, e o meu sparring, Felipe Ephraim. À tarde, muay thay com o Diego Lima, que é meu mestre, empresário e amigo. E quanto mais se aproxima o dia da luta, preciso estar mais treinado, incluindo estudar o meu adversário. 

Você é contratado pelo UFC desde quando?
Faz mais de um ano. São contratos para quatro lutas. E já renovei para mais quatro.

Qual foi uma luta memorável para você?
Foi no UFC em Jaraguá do Sul (SC) em maio do ano passado. Lutei com Jeremy Larsen e venci. E entre as 12 lutas daquela noite, fui escolhido como o melhor lutador e ganhei um bônus de 50 mil dólares! Além do dinheiro, essa vitória me deixou numa melhor posição na minha categoria. 

E como está sua expectativa para a luta em Las Vegas?
O UFC ainda não definiu meu adversário. Era para ser o Aljamain Sterling. Mas ele não vai poder lutar por contusão. Será a minha primeira luta fora do Brasil e encaro como sendo uma ótima oportunidade para mostrar quem eu sou. Apesar de ainda não ter um adversário definido, estou me preparando para enfrentar qualquer um no UFC 170, em Las Vegas, no dia 22 de fevereiro. O mais difícil para mim é viajar de avião, que eu não gosto. 

Conte um pouco sobre sua derrota. 
Foi minha estreia no UFC. Lutei com o Edson Barboza, em janeiro de 2013, aqui em São Paulo. Mesmo sendo derrotado, mostrei qualidade em minha luta e isso não contou negativamente para mim. Fui convidado para lutar a quinze dias do combate, em lugar de um lutador que se contundiu e não pôde lutar. E lutei numa categoria até 70 kg, acima da minha. 

Quem você admira entre os lutadores em atividade no UFC?
Gosto do estilo do Felipe Sertanejo, que é da categoria até 66 kg. Dos que estão lutando, gosto do Wanderlei Silva, do Maurício Shogun, do José Aldo, que é muito gente boa. 

E a importância dos patrocinadores?
Eles garantem que eu possa me dedicar exclusivamente aos treinos. Com certeza, sem os patrocinadores, ficaria difícil viver só de treinar e lutar. Eu sou patrocinado pelo Guigo, pelo Galinheiro Grill, pela Galeria dos Pães, cujo dono treina aqui com a gente, e Intergalmédica entre outros. É ótimo ter gente acreditando no trabalho da gente. 

Até que idade poderá lutar?
Depende da condição física do atleta. Tem um pessoal novo que está ganhando um bom dinheiro e, se não tiver uma vida dedicada aos treinamentos, pode ter uma carreira curta. Espero lutar até uns 40 anos. E tem muitos exemplos, o Minotauro, que quebrou um braço numa luta, se recuperou e voltou a lutar em alto nível. O Anderson Silva também deve voltar a lutar… 

Por que o UFC atrai tanta público?
O pessoal gosta de ver a competição e a disposição de luta dos atletas. Aqui no Brasil, é um dos esportes que mais cresce e que têm mais praticantes atualmente. Por onde você anda pelo país tem academia de lutas, mas nem todas estão adequadas para garantir a integridade dos atletas e do esporte. 

Antes de uma luta pelo UFC, é preciso fazer muitos exames?
Sim, são vários tipos: exame de sangue (hepatite, AIDS), de olhos, etc. Você precisa estar 100% saudável. Além disso, o atleta não pode ter processo judicial ou criminal. Se tiver qualquer coisa, fica fora da luta. E isso é prejuízo para quem é profissional. E acho que isso é legal para quem luta e para quem assiste.

Qual a razão do sucesso dos brasileiros no UFC?
Para mim, o Brasil é o celeiro do MMA no mundo. Veja que temos dois brasileiros campeões em sua categoria, o José Aldo, na categoria peso-pena, o Renan Barão, na categoria galo. Para nós, brasileiros, o MMA é uma oportunidade de modificar o estilo de vida. Lá fora, o pessoal luta e treina por outros motivos. Aqui a gente treina com mais determinação e garra. E muitos de nós vêm de baixo e querem subir na vida e o MMA pode ser essa porta. Assim como o futebol. 

Você encara uma fechada no trânsito?
Graças a Deus nunca me aconteceu nada desse tipo de confusão. Quando alguém me fecha no trânsito, respiro fundo e conto até dez. Eu e a minha namorada não vamos a baladas. O negócio é ficar longe de confusão porque não posso arriscar minha carreira profissional. 

O que você faz fora dos treinos?
Sou muito caseiro. Saio com a Bárbara, minha namorada, para jantar fora, ir ao cinema, passear no shopping ou fico em casa vendo TV. Ou então vou para Araraquara curtir a família dela, fazer um churrasco com os amigos. Sou um cara tranquilo e, quando não estou treinando, procuro descansar ao máximo. 

O MMA significa o que para você?
Para mim, o MMA mudou a minha vida e a de muita gente. Como disse, adoro treinar e lutar. Hoje, é a minha vida e espero que dure muito tempo e que eu possa vencer sempre.

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