Uma viagem no tempo

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Kátia Gomes
Em plena era digital, pouco se ouve falar sobre fotografia PB e muito menos se vê algo a respeito dos processos artesanais do século 19. A não ser em um espaço muito peculiar chamado Oficina da Luz, um núcleo de produção e difusão de artes visuais que promove cursos de fotografia, exposições de arte, debates e discussões.
A Oficina da Luz foi fundada em 2004 por Pedro Palhares Fernandes, Daniel Salum, Bruno Vilella e Fernanda Prado com a intenção de ser uma escola que visa fomentar a apreciação e a reflexão sobre arte da fotografia. O espaço promove desde curso de introdução à fotografia dirigido a jovens e adultos que vai das técnicas e procedimentos básicos como manipulação da câmera, fotometragem, composição, aulas práticas de revelação e ampliação em laboratório PB e saídas fotográficas até o desenvolvimento de trabalhos autorais e exposições com base nos processos mais rústicos e avançados. Fazem parte da programação de cursos do espaço os processos artesanais do século 19, ministrados pela professora Luisa Malzoni como o cianótipo, uma técnica fotográfica mais lenta na qual se trabalha sem o auxílio de ampliador, mas com a utilização do sol, e que pode ser feito tanto sobre papel como tecido resultando em tons de azul devido à utilização de uma solução fotossensilizadadora chamada ferricianeto de potássio. Outro processo histórico ensinado na Oficina da Luz baseado nas propriedades fotossensíveis do nitrato de prata é o Marron Van Dik. Sua impressão de imagens também é feita em suportes variados e, como o nome sugere, são registradas em tons de marrom ou sépia dando a impressão de foto envelhecida.
A Oficina da Luz utiliza ainda técnicas como Albumen, Goma Bicromatada e Papel Salgado, cujos efeitos variam de acordo com a substância química empregada e a base onde irá trabalhar a imagem. Tais fotografias muito se confundem com gravuras e, atualmente, são consideradas alternativas e artísticas. “Digamos que a fotografia digital padronizou o processo e tem como seu laboratório o Photoshop. A fotografia analógica não pula etapas ou se resolve em primeira instância. No entanto, tudo tem seu propósito e as técnicas não se anulam ou competem. Apenas apresentam meios de relacionar-se e resultados diferentes”, comenta Daniel, acrescentando que para um maior entendimento de qualquer processo, até mesmo o digital, é recomendável dominar a técnica artesanal de PB.
Além de ensinar fotografia, a Oficina da Luz está construindo um acervo para compra e venda de trabalhos fotográficos e ainda se propõe a criar uma relação mais intimista com o público. Para isso, freqüentemente abre as portas para novos artistas exporem seus trabalhos e dividirem suas experiências. É o caso da mostra “Capharnaum” que reúne imagens do fotógrafo e gravurista Wladimir Fontes. A exposição reabre dia 17 de janeiro e fica até dia 10 de fevereiro, quando haverá um bate-papo de encerramento. Veja!

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