Teste do bafômetro na Vila

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Kelly Monterio
Os motoristas que circulam a noite por bairros que concentram bares, restaurantes e casas de espetáculos, como a Vila Madalena, estão sendo alvos de estudo de uma pesquisa que vai identificar o grau de álcool no sangue entre os adeptos da combinação consumo de bebidas alcoólicas e direção. A pesquisa “Beber e Dirigir para a Cidade de São Paulo” consistirá numa série de blitze pedagógicas para aferir, orientar e alertar para os riscos de dirigir alcoolizado.
Será a primeira pesquisa, nesses moldes, realizada na cidade. O objetivo é reunir dados de 2.500 entrevistas entre freqüentadores da noite paulistana. As abordagens serão nos fins de semana, das 22h às 2h em diversos locais. De cunho educativo, os condutores que aceitarem participar da pesquisa passarão por teste de bafômetro e responderão a questionário. “O grande objetivo é chamar a atenção da população para o problema do beber e dirigir. As pessoas ainda não têm consciência”, diz Luiz Alberto Chaves de Oliveira, presidente do Conselho Municipal de Políticas Públicas Sobre Drogas e Álcool (Comuda). Segundo ele, cerca de 50% dos acidentes no trânsito são causados devido à ingestão de bebidas alcoólicas. “Queremos documentar, ter números de como o motorista paulistano se comporta no trânsito”, acrescenta.
A primeira blitz foi realizada na noite de sábado, 25 de novembro, na avenida Pedroso de Moraes, em frente à Fnac. Foram utilizados dois tipos de bafômetro: o ativo, que funciona com o sopro do usuário, e o passivo, equipado com lanterna que capta o ar aspirado e faz a medição eletronicamente. Os técnicos da Unifesp faziam uma rápida entrevista com os voluntários, além de orientar sobre a direção segura. Não houve muita resistência dos motoristas em participar e o movimento era intenso, apesar da chuva. “Acho maravilhosa esta ação. Tudo que for para fazer essa turma parar de beber e ir para o volante é 100% válido”, disse Regina Drummond após fazer o teste do bafômetro.
Luiz Alberto observa que a Pedroso de Moraes foi a escolhida para a realização do teste, e não o “miolo” da Vila, onde estão concentrados os bares e restaurantes, porque, de acordo com informações da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da Guarda Civil Metropolitana, a avenida é um dos locais onde há o maior número de acidentes no trânsito durante a noite, nos finais de semana. “Por coincidência, há vários bares nesta região. No Bixiga também há bares, mas não é um local com grande índice de acidentes”, explica.
O coordenador geral da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) da Universidade Federal de São Paulo, Ronaldo Laranjeiras, lembra que uma pesquisa sobre a violência no Brasil demonstra que uma das poucas situações onde a mortalidade aumentou foi no trânsito. “Houve mais de 10% de aumento no último ano, com mais de 356 mil mortes. No mínimo 50% por causa do álcool. Esta pesquisa é para alavancar uma mudança política. O motorista alcoolizado coloca em risco todos nós”, diz.
A pesquisa conta com o apoio da Uniad, da Guarda Civil Metropolitana, Polícia Militar do Estado de São Paulo, CET e Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo. Depois da Vila Madalena, as próximas blitze acontecerão no Tatuapé, em Santana, em Moema e na Vila Olímpia.

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