Tal dono, tal cão

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Diante do estado de ânimo provocado pelas matérias que a grande imprensa tem divulgado sobre a agressividade de certas raças de cães, cito as palavras da conhecida e reconhecida veterinária carioca Andrea Lambert:
“Não existe estudo que comprove o comportamento agressivo que insistem em associar a estas raças. Pelo contrário: profissionais especializados em comportamento animal sempre informam que a agressividade pode se manifestar em cães independentemente da raça. A agressividade dos cães, na maioria das vezes, é estimulada pelo homem; pitbulls, rotweilers, dobermanns e filas brasileiros servem de bode expiatório para a impunidade e incompetência do poder público em lidar com a crescente relação homem/ animal em nossa sociedade.
Geralmente as agressões caninas estão ligadas à falta de convivência dos animais com as pessoas e a maus tratos, como cães mantidos acorrentados, sem alimento ou espaço físico suficiente, e espancamento. É fácil culpar um ser ‘irracional’, quando é o ser ‘racional’ quem deveria zelar pelo bem-estar dos animais que estão sob sua responsabilidade. O pitbull não é menos amoroso com seu dono que outros cães. É um cão dócil e companheiro. O problema é o dono insensível e irresponsável.” (Ver o site http://www. ranchodo sgnomos.org.br/colunajur25. htm).
Mas isso não é noticiado.
O estudante de Enfermagem, adestrador e proprietário do canil que leva o seu sobrenome, Fábio Arakaki, trabalha com pit bulls para fins terapêuticos no abrigo para idosos São Lourenço, em Jaú/SP.
Recebi pela Internet, várias fotos de pit bulls sendo utilizados em terapias assistidas a acamados e crianças com síndrome de Down, abraçados pelos doentes e pelas crianças.
Mas isso não é divulgado.
A ATTS (American Temperament Test Society, Inc.) realizou uma pesquisa para medir os aspectos do temperamento de cerca de 150 raças de cães, como a estabilidade, a timidez, a agressividade e a amizade, assim como o instinto do cão à proteção de seu tutor e à sua auto-preservação quando estiver com medo. A pesquisa concluiu, entre outros dados, que os pit bulls têm aprovação de 83,4%, os poodles toys 80,9%, os beagles 78,2% e os chow chows 69,3%. (Ver o site http://www.atts.org)
Mas isso não é digno nem de uma nota.
Criadores alegam que os cães agressivos são os mestiços, não os de raça pura, com pedigree, como manifestaram em recente audiência pública na Assembléia Legislativa de São Paulo. Daí se pode concluir que estão mais interessados em proteger sua “reserva de mercado” e não a admitir as verdadeiras causas do problema da agressividade canina: a causa proposital, criada por donos irresponsáveis de animais que os levam a maus adestradores para que estes transformem seus cães em armas; a criação dos cães em correntes, sob espancamentos, provocações, ou alimentação irregular; ou ainda submetidos à solidão, sem o convívio normal com seres humanos normais. Há donos que sequer levam em conta a força muscular e o tamanho de cães – de qualquer raça – criados em tais condições, para que não fujam portão afora ou que sejam acompanhados, quando fora de casa, por pessoas que tenham força suficiente para guiá-los (como estipula a atual lei municipal, e já a anterior, promulgada por Jânio Quadros). A população – mal informada e induzida à histeria – abandona os cães, agride e mata de forma cruel os bichos que, mais uma vez, pagam pelos erros de seres denominados racionais. E o poder público mira o alvo errado.
Mas os bichos não podem contar o seu lado da história.

Seminário

Com apoio da WSPA Brasil, nos dias 27 e 28 de outubro será realizado o II Seminário de Proteção Animal. Local: Escola SENAI “Francisco Matarazzo”, Rua Correia de Andrade, 232 – Brás (Próximo a estação do Metrô).
Maiores informações: tel.: (11) 4991.8492 / fax: (11) 4421.4844 / Cel.:(11) 7813.2510 Nextel ID 16791*1, com Fowler Braga do Projeto Focinhos Gelados (Ver o site www.focinhosgelados.com.br).

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