Que onda

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Mal passou o veranico de maio, entrou um frio alucinado. Dessa vez não veio da tradicional frente fria argentina. Veio de um tornado paraguaio, que para nossa surpresa, não teve nada de falso. Incríveis esses tempos de aquecimento global com o seu conhecido poder de mudar o clima e, além disso, mudar também o conhecimento. Reparem que, nesse caso, a vizinha Argentina perdeu o seu principal produto de exportação: a frente fria. E o Paraguai a histórica marca do produto falso.
Mas está tudo assim. Na política, então, tudo muda e viram os conceitos de pernas para o ar. E olhe que não é uma coisa apenas brasileira. Mesmo porque, aqui, as coisas já são mais ou menos desse jeito. Mas veja que Cuba fez a sua luta revolucionária basicamente contra a opção turística na economia da ilha. E, hoje, a retoma como salvação da lavoura. Mineiro observa que já passou meio século embaixo dessa ponte. Naturalmente querendo dizer como estou velho. Rebato com ar professoral, esclarecendo que, para a história, cinqüenta anos não é nada. Mas fiquei com a sensação de ter respondido, com esse chavão, um blá blá blá para esconder a preocupação de estar testemunhando por longos anos os acontecimentos, portanto velho mesmo.
E será tão ruim essa estrada toda? Não interessa a discussão agora. Interessam os fatos e suas transformações. Por exemplo, a gastronomia. No meu tempo de rapaz a comida de pobre era o bacalhau, o atum e a feijoada. O chic era a galinha nas efemérides. Agora é justamente o avesso. Não é saboroso observar isto? Estes dias li uma entrevista de Gabeira onde comentava a dificuldade com transporte individual: o carro. Ele dizia que, em breve, andar a pé será mais rápido que no veículo inventado para fazer o mundo correr. Tem razão. Essa é uma onda careca. E que onda!

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